Quem foram os Cavaleiros Templários?
Em 1095, um grupo de nobres respondeu ao apelo do papa Urbano 2º para retomar Jerusalém, ocupada por muçulmanos desde o século 7. Com o sucesso da 1ª Cruzada, surgiu o Reino Latino de Jerusalém, uma ilha cristã que ia de Beirute a Gaza, cercada por inimigos religiosos de todos os lados. Em 1119, para garantir a segurança da cidade, 9 cavaleiros, sob o comando do francês Hugo de Payns, receberam de Balduíno 2º, o rei do novo território, permissão para ocupar uma ala da Mesquita Al-Aqsa, considerada o local do Templo de Salomão - daí o nome da organização que fundaram, Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. Seu propósito era dar proteção aos peregrinos cristãos na Terra Santa. A cidade tinha sido conquistada pelos cruzados em 1099, mas chegar até lá continuava sendo um problemão, criar uma força militar subordinada à Igreja foi uma ideia inédita. Até então, existiam monges de um lado e cavaleiros de outro.
“Payns inventou uma nova figura, a do monge-cavaleiro”, diz Marion Melville, autora de La Vida Secreta de los Templarios (sem tradução para português). O exército seria formado por frades bons de espada, que fariam, além dos votos de pobreza, castidade e obediência, um quarto juramento: o de defender os lugares sagrados da cristandade e, se necessário, liquidar os infiéis. O objetivo era defender os peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém. Balduíno alojou-os no local onde outrora fora construído o mítico Templo de Salomão. Daí o nome do grupo: templários.
Por 10 anos, até o reconhecimento oficial da Igreja, em 1129, não há registro de atividade militar ou de defesa de peregrinos. Sabe-se apenas que passaram esse tempo escavando no templo. Foi quando lendas a respeito de relíquias encontradas ali se multiplicaram. Sim, eles encontraram peças e documentos valiosos - a abadia francesa de Clairvaux foi erguida só para estudar pergaminhos desenterrados. Também acharam algo que, diziam, era um pedaço da cruz de Cristo, depois levado às batalhas como amuleto. "Dependendo da lenda, teriam tomado posse da Arca da Aliança, do Santo Graal e do Santo Sudário", diz Patrick Geary, da Universidade da Califórnia.
Muitos livros foram escritos trazendo luz a estas lendas, ou seriam fatos? |
Muitas são as histórias sobre estes lendários cavaleiros. Aqui registra-se alguns fatos sobre eles:
Seguindo normas muito estritas, os cavaleiros nunca poderiam se render enquanto a cruz vermelha ainda sobrevoasse o campo de batalha. Todos eles dariam suas vidas pela ordem, o que significa que eles não recuavam quase que de forma alguma.
É sabido que os membros da organização sempre estavam armados e treinados. No entanto, não havia nenhum tipo de padrão para os treinos desses homens. Acredita-se que isso acontecia porque já era esperado que os cavaleiros já tivessem recebido capacitação anteriormente.
Mesmo que conhecidos por seus cavaleiros, a Ordem dos Templários contava com muito mais pessoas do que apenas estes. Existiam centenas de cavaleiros, mas a maioria era formada por soldados de infantaria, como escudeiros, padres, trabalhadores e até mesmo mulheres. Porém, as mulheres não podiam se tornar cavaleiros, já que não havia a possibilidade de que estas lutassem, mas as mulheres podiam fazer parte da organização por outras formas. A maioria, eram freiras que ajudavam nos “empreendimentos espirituais”, fazendo orações, e oferecendo assistência médica e psicológica aos soldados.
Os templários possuíam inúmeras terras, tornando-se muito poderosos com o passar dos anos. Regiões como Inglaterra, Portugal, Boêmia, a ilha de Chipre, entre outros, faziam parte do poderio da ordem. Assim, eles tinham muitos recursos à sua disposição. Os mosteiros templários eram lugares seguros e, por isso, passaram a ser usados como um tipo de banco . Pessoas guardavam riquezas, objetos de valor, faziam empréstimos e até emitiam cheques. O sistema ficou tão famoso que inúmeros reis deixaram suas fortunas nesses locais. Ao moldarem esse sistema bancários, os cavaleiros precisavam compartilhar os dados financeiros ou confidenciais com outras seitas da ordem. Por isso, criaram um código secreto que, na época, era impossível de ser decifrado. O símbolo foi baseado em uma variante da Cruz de Malta.
Uma das vantagens de ser um cavaleiro templário residia no fato de que eles estavam acima de todas as leis locais e regionais — respondendo apenas ao papa. Além disso, eles não pagavam a maioria dos impostos das regiões em que ficavam. Os templários não se importavam em contratar exércitos mercenários para apoiar suas próprias guerras. Especialmente durante as Cruzadas, eles recrutavam turcopoles, a cavalaria leve da Anatólia, e unidades de arqueiros compostas cristãos ortodoxos do Oriente Médio.
O Pergaminho Chinon foi a decisão do Papa Clemente V de exonerar os Cavaleiros Templários de todas as acusações impostas contra eles pelo rei Filipe. O manuscrito só foi encontrado em 2001 e revela como eles foram inocentados de todos os possíveis “crimes” que cometeram.
No fim do século 12, a cruz vermelha dos templários estava estampada em toda a faixa que vai da Europa a Jerusalém. Os cavaleiros eram influentes em Londres (Temple é nome de um bairro central da cidade), mantinham uma fortaleza dentro de Paris, lutavam ao lado de portugueses e espanhóis pela reconquista da península Ibérica, controlavam a ilha de Chipre, possuíam fortalezas no Oriente Médio e tinham acesso irrestrito ao local onde teria existido o Templo de Salomão, em Jerusalém.
Os maiores rivais eram os membros da Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, conhecidos como hospitalários. Criada com o mesmo objetivo, ela era menos militarizada e mais voltada ao atendimento de feridos e doentes. Eles se odiavam.
Os monarcas europeus temiam que eles chegassem a criar seu próprio país - já dominavam Chipre e tinham territórios suficientes na França para seguir o exemplo de outra ordem militar, a dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém, que entre 1229 e 1279 conseguiu ocupar e controlar quase toda a Prússia.
"Os templários passaram a ser temidos, mas suportados porque eram muito úteis", afirma Edgeller. "Muitos de seus procedimentos, como os rituais de iniciação, eram secretos, o que provocava desconfiança. E o poder que eles alcançaram era grande demais."
Logo os templários não se mostrariam tão úteis. A partir da metade do século 13, os cristãos perdiam espaço rapidamente na Terra Santa. O grão-mestre Gerard de Ridefort, por exemplo, cometeu graves erros em Acre. Rendeu-se aos muçulmanos e acabou devolvido aos cristãos só para morrer em outra batalha.
Os remanescentes dos templários basicamente se tornaram um banco, emprestando a reis e nobres por todo o continente. O que nos leva à fatídica sexta-feira 13 de 1307, 16 anos depois. O rei Filipe IV, Rei da França, – como vários outros soberanos – devia dinheiro à ordem, resolveu enfrentá-la, ordenando o confisco dos bens e a prisão dos cavaleiros que viviam em seu reino. A perseguição se espalhou para outras regiões e os templários passaram a ser acusados de blasfêmia e heresia, corrupção, aliança com o Islã e homossexualismo. Acusações das quais foram inocentados posteriormente conforme já foi citado acima, ele fingiu que descobriu que eram satanistas como uma solução para quitar sua dívida com eles.
Poderosos politicamente, eram muito ricos e suas façanhas militares encantavam a cristandade. Porém, no final desta história de poder o grão-mestre templário Jacques de Molay ardia em uma fogueira, sobre uma ilha do rio Sena. A ordem desapareceu de forma tão rápida e surpreendente quanto havia surgido e crescido.
Como herança, deixou lendas que ainda habitam o imaginário ocidental e estão nas prateleiras de livros, nos consoles de videogames e nos filmes. Muitos europeus acreditavam que os cavaleiros remanescentes tinham poderes sobrenaturais e tesouros escondidos pelo mundo. Uma das lendas diz que esse dinheiro teria financiado a descoberta da América e do Brasil. Mais tarde, foi sugerido o envolvimento da ordem em conspirações nos bastidores da Revolução Francesa. Nos séculos que se seguiram à extinção da ordem, inúmeros grupos esotéricos, como a maçonaria, afirmaram ser herdeiros de seus segredos, para incredulidade total da maioria dos historiadores modernos.
Como explicar tamanha fascinação por um grupo de cavaleiros que desapareceu há 700 anos? "Os templários personalizaram todas as formas de poder que existiam na Europa medieval", afirma Alan Butler, historiador britânico e autor de The Warriors and the Bankers (Os Guerreiros e os Banqueiros, inédito em português). Eram monges em um tempo de predomínio cristão, banqueiros quando o dinheiro era escasso e guerreiros quando a igreja conclamava os fiéis a retomar a Terra Santa.
Fonte: https://super.abril.com.br/historia/templarios-a-irmandade-de-cristo/
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-morrer-e-matar-por-cristo-os-cavaleiros-templarios.phtml
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-ascensao-e-queda-dos-cavaleiros-templarios-ordem-medieval.phtml
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-eram-os-templarios/